quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A lingua mais difícil do mundo!













Quis o destino que os Portugueses falassem Português.

Ontem à noite fui a uma loja onde se podem adquirir filmes, computadores, impressoras, equipamento fotográfico, sistema de cinema em casa e livros, o nome da loja começa por "F" acaba em "C" e no meio tem "NA".
Como a minha sobrinha foi incumbida de ler "A Menina do Mar" escrito por Sophia de Mello Breyner Andresen, lá fui comprar o livro à tal loja.
É um livro com uma capa colorida, que conta lá dentro com 36 paginas, algumas com desenhos coloridos, esta beleza de artigo custa 10.00€.
No escaparate imediatamente atrás estão os livros de literatura estrangeira, vi lá um de José Saramago traduzido para Castelhano(espanhol), não sabia que José Saramago é literatura estrangeira... Há muita coisa que nós não sabemos, ainda bem que existem os livros para aprendermos.
Como já tinha o livro que precisava, o tal de 36 paginas a 10.00€ (para os mais interessados pela matemática das coisas cada pagina custa um pouco menos que 0.28€), fui ao tal escaparate dos livros estrangeiros, onde está o tal livro Português que também é estrangeiro, e decidi comprar um livro para mim noutra língua que não a nossa, a nossa é muito difícil e por isso muito cara também, acabei por adquirir o "Adrenaline" de Jeff Abbot, porque no canhoto do livro vinham lá umas quantas criticas muito positivas, e porque o introito me apelou ao gosto, é um belo livro, à semelhança do "A Menina do Mar" também tem capa e contracapa, só não tem bonecos lá dentro (os ingleses americanos têm pouco jeito para o desenho), tem umas 500 paginas e custou-me 10.36€, um pouco mais caro considerando a falta de bonecos lá dentro, depois fiz as contas e cada pagina fica a 0.02€, e conclui, afinal não tem bonecos, mas tem muito mais paginas e custa sensivelmente o mesmo.
Como não tinha resposta para esta situação, porque raio um livro com 36 paginas custa o mesmo que um com um pouco mais de 500? Será um fenómeno de procura oferta, o livro tem tanta procura que não existem tipografias daqui até à China que possam saciar a vontade que toda a gente tem de ler "A Menina do Mar"? Poderá ser... 
Como ali não havia balança também não consegui verificar se o critério seria o peso, poderão já estar a vender livros ao peso, mas, tenho quase a certeza que as 500 paginas pesam mais que 36.
Dei voltas ao livro, para ver se tinha a lombada com ouro, agora há quem meta ouro em quase tudo, no azeite, no Champanhe e mais recentemente até no Licor de Ginja, também não tinha ouro nas lombada.
Desisti e fui ao ultimo reduto que me restava para esclarecer esta duvida, a Sra. da caixa.
- Por favor pode explicar-me porque um livro com 36 paginas custa o mesmo que outro com 500?
- Ah, porque é português!
Fiquei logo esclarecido.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Poligrafo

Não me recordo da minha primeira mentira, já lá vai demasiado tempo para me lembrar. Isto é verdade! Devia ter menos de dois anos. Aprendemos a falar e logo aprendemos a dizer umas mentiras, é como aprender a dizer umas asneirotas quando vamos para um país estrangeiro, primeiro aprendemos o básico e só depois tudo o resto. 

Sem saber ao certo qual terá sido a minha primeira mentira, quais as circunstâncias em que terá emergido da mente inocente de uma criança de meses, sim porque até aos dois anos, temos meses, depois é que adoptamos a unidade métrica de tempo "ano". Portanto deveria ter menos de 24 meses e aposto que a minha primeira mentira terá sido: "Não fui eu", "não sei" ou  "foi o mano", uma delas terá sido, e todas querem dizer o mesmo.
O meu irmão que tem mais um ano e meio mais velho que eu, ou 18 meses se preferirem, terá naturalmente arcado com as culpas, tal facto deveu-se ao facto da justiça estar desatenta ou de não estar munida de dados acusatórios devidamente fundamentados que pudessem cimentar a acusação e assim resultar numa condenação inevitável.

No passado fim de semana, numa reunião de família, veio a minha mãe a saber que uma vez castigou o meu irmão por algo que ele não fez. Confesso-me culpado e tenho pena que o castigo tenha sido aplicado a outro que não o culpado, mas o culpado andava muito ocupado a fazer travessuras para que desse nas vistas, assim passou o delito.

Mais tarde já com alguns anos de idade percebi, que mentir não é nem fácil nem coisa que se deva fazer com muita frequência, o ideal é nem mentir, mas por vezes... Mente-se, e mente-se tão mal que somos logo apanhados. Houve uma vez que tive 42% num teste do ciclo preparatório, não o consegui levar a assinar ao meu pai, lá reuni coragem e fiz o que tinha que fazer, forjei a assinatura do meu pai, como saiu mal à primeira, ou assinei no local errado, risquei e voltei a assinar, ainda recordo a cara do meu professor, a olhar para o teste assinado duas vezes, a olhar para mim, a ler o meus olhos e a escrever nos dele, "aqui há gato!". Mas a verdade é que ele não disse nada a ninguém apesar de eu ter a certeza que ele apanhou aquela mentira, serviu de lição, acho que não voltei a repetir a proeza.

Outras mentiras terão existido, todas para safar a circunstância, mas fiquei sempre com a impressão que a mentira é uma solução fácil demais para ser uma boa solução. A mentira trás sempre prejuízo para alguém, e por ultimo, a mentira é fácil de apanhar, os meus pais raramente as deixavam passar, e eu como adulto, também já consigo identificar com alguma facilidade indicadores de que algo pode ser mentira.
O que me espanta mais é que hoje, ao observar os meios de comunicação, ninguém consiga castigar os mentirosos, a minha mãe se fosse juiza, já tinha colocado muita mentira no local certo, o meu professor de matemática só com o olhar via logo quem andava a enganar o sistema. E agora custa-me perceber que sejam necessárias mais de sessenta mil paginas de papel e não sei quantos anos para chegar à conclusão que ainda não se sabe o que é verdade ou mentira. A minha mãe tratava deles todos!

Agora vou ligar ao meu irmão, que preciso de lhe dizer que lamento ele ter ficado com as culpas daquilo que eu fiz. Vou dizer-lhe que não volto a mentir por forma a que ele seja apanhado, e talvez ele me desculpe.