terça-feira, 27 de julho de 2010

Homens que choram são mais felizes.

Quando eu era pequeno sabia chorar.
E era muito feliz!
Quando me tornei um rapazinho, disseram-me, não chores, quem chora são as meninas, quem chora são os bébes.
E assim se foi uma capacidade de deitar cá para fora as coisas que me aborrecem. Confesso que não me parece muito acertado chorar por tudo e por nada, mas agora, ao pensar neste assunto vejo que chorar pode bem ser o caminho para uma vida mais feliz.
A minha mãe de vez em quando chora quando está mais aborrecida com algum assunto, ou chora quando está triste, a Sónia por vezes chora quando a desiludo ou magoo.
Ontem perguntei-lhe, o que se sente depois de chorar? 
Isto porque tanto quanto me lembro, quando era miudo e os meus pais não iam comigo e com o meu irmão ao parque de escorregas que ficava ali atrás da Camara Municipal de Castelo Branco, eu ficava com um nó na garganta de neura, de tristeza, de agonia, mas não chorava, aquilo era sufocante, queria chorar mas não podia, porque os meninos não choram, não choram porque não os levam aos escorregas..
A Sónia respondeu-me: depois de chorar sentimos alivio.
Recuando mais no tempo, não me lembro do que sentia depois de chorar, porque devia ser ainda muito novito quando me deixei dessas coisas, quando aprendi a chorar para dentro, como a maior parte dos homens faz.
Os meus sobrinhos ainda sabem chorar para fora, com lágrimas e tudo, e a verdade é que aquilo lhes passa e em pouco tempo estão contentes e a sorrir de novo,
Nos ultimos 10 anos acho (tenho a certeza) que chorei 3 vezes, os motivos pareceram-me suficientes duas das vezes, na terceira e ultima, não consigo associar um motivo claro, talvez o meu saco de lágrimas estivesse cheio de ir acumulando ao longo dos anos. 
Esta situação fez-me pensar que aguentar, guardar, não exteriorizar é perigosa. Mostramos por um lado que somos uns valentes que não choram em circunstancia alguma, mas qual o real custo disso?
Serão os homens que choram mais felizes que os que não choram?
Talvez.
Mas só quando não estão a chorar... 

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A ida à praia.

Eu não gosto de praia.

A areia por vezes está muito quente e queima os nossos pés, o sol e o calor podem ser desagradáveis se ficarmos muito tempo parados, tem muita gente a ir e a vir pelo que a viagem de carro pode ser bem demorada.
E o vento na praia, que coisa mais inquietante! E as bolas de futebol a voar, irra! O Homem das bolas de berlim, os cães na praia! As ondas que fazem a bandeira ficar vermelha! Irra, irra irra!
Ir para a praia pode ser uma coisa bem desagradável! e é por isso que não gosto de praia.

No fim de semana passado fomos à praia com amigos, como fomos a meio do dia não havia trânsito na ida, na volta também não ouve. 
Estava um sol bem quente, a areia escaldava, nada que uns chinelos não resolvam e contornem.
Estava aquele vento que sacode os chapeus de sol como se fossem palmeiras. Graças ao vento tivemos horas de diversão no topo da duna a dirigir o papagaio em apertadas curvas e uma aterragem nas árvores e muitas quedas a pique, que invariavelmente nos obrigavam a montar o papagaio e nova descolagem. O vento estava bom para o nosso papagaio mas o Sr. do parapente não consegui descolar.
Levámos uma bola de futebol nº 4, não sabia que as bolas tinham números, mas aquela tinha lá escrito tamanho 4, o raio da bola era dura e pesada como uma pedra de calçada e cada vez que lhe dávamos um chuto o pé parecia que se desmanchava todo, ainda me doi o pé, mas passamos bons momentos a chutar no monstro!
A meio da tarde lá aparece o Sr. das bolas de berlim, com e sem creme, mas com uma cantilena de vendas assertiva e muito afinada "a crise económica ataca a europa inteira, olha as bolas de berlim, toca a sacar da carteira". No nosso grupo eramos 6 e vendeu 5, eu não quis, mas ajudei a Sónia a comer a dela.
Estavam ondas tão irrequietas que os peixes permaneciam na areia à espera que o mar acalmasse, tal agitação despenteia-lhes as escamas...
Quando o mar está agitado olhamos para ele de outra forma com outro respeito, sabemos que está ali e que a qualquer momento nos pode deitar ao chão e encher o cabelo os olhos e ouvidos de areia, e quem sabe beber uns pirulitos de água.
Na toalha fica aquela musica de fundo, do som das ondas a rebentar, aquele som que é constante mas não monotono e inconstante mas não irritante. Acho que o mar fala uma linguagem que todos entendemos...
Não escrevo sobre o cão do vizinho, porque ele portou-se tão bem que só demos por ele quando chegou feliz ao lado dos donos.

Bom, acho que me enganei com a praia, até gosto de ir à praia!