sábado, 31 de dezembro de 2011

Fechado para inventar!

Caro Amigo e leitor!

Iremos estar encerrados para inventar, e o resultado será certamente um inventário!

Divirta-se e invente também qualquer coisa!








Até já, não se prenda mais!
Vá andando que os seus amigos querem fazer uma grande farra esta noite!
Vemo-nos por aì no quinto trimestre de 2011!

sábado, 17 de dezembro de 2011

A memória é curta.

Até o facebook já percebeu que a nossa memória para além de selectiva também é curta!
Por isso agora disponibiliza a "linha do tempo", na linha do tempo podemos viajar ao longo da nossa história, ver o que fizemos, com quem interagimos, onde estivemos e o que sentimos!
Muito boa ideia sem dúvida! Disponibilizar ao sabor de um click uma viagem do tempos onde alguém nos guarda todas as memórias bem arrumadinhas por gavetas, assuntos, datas, temas, e outros critérios.
E no meio de isto tudo onde ficam as nossas verdadeiras memórias?
Ainda me lembro de ir passar o fim de semana a casa dos meus avós e encontrar a casa cheia de fumo porque se tinha acabado de acender o lume que iria cozinhar o almoço e o jantar, este lume seria também o aquecimento central da casa, isto num tempo em que a EDP ainda não lucrava mais de 3.000.000,00€ por dia às nossas custas!
Nessa casa, recordo também que o candeeiro funcionava a petróleo, um liquido cor de rosa, quase da cor de um vinho rosé, e com um cheiro único, tipo um perfume intenso e inebriante, ainda hoje há pessoas que ficam perdidas com o aroma daquele nectar...
O meu pai, que espero não fique zangado de vir aqui escrever estas coisas, diz-me que andou descalço até ser um rapazote, e que quis ser padre para poder estudar para além do ensino básico, o meu avô esse, por via da necessidade lá terá achado que o caminho de Deus se pode fazer em qualquer sitio, também teria as suas razões devidamente fundamentadas. Já ouvi outras pessoas falarem que quando tiveram o primeiro par de botas com sola de pneu de camião, a caminho da escola a retiraram dos pés e as colocaram ao ombro porque lhes magoavam os pés, preferindo seguir caminho com os pés a tocar o chão, sentindo as folhas as pedras, o calor e o frio que este deve transmitir. Eu descalço só mesmo na praia.
Andando pela linha do tempo, consigo ainda ir ver a primeira televisão que houve na aldeia, ligava-se a uma bateria, sim a uma bateria de carro, porque nesta altura, o nosso querido AMIGO Mexia, ainda não tinha descoberto como sacar 823.000.000€ apenas em 9 meses aos Portugueses.
E lá se via a televisão a preto e branco, a televisão era a preto e branco, mas o mundo era repleto de cor, sem abundância de tecnologia, sem um torneira para abrir, sem um interruptor para ligar, mas com todas as cores. Com más estradas, que percorri tantas vezes com os meus avós na sua carroça puxada por uma mula, rumo a uma fazenda que se chama Moinho. A viagem demorava mais de uma hora de solavancos e chiadeira. A descer era sempre mais divertido que a subir, o meu avô até nos deixava mexer no travão sempre com o seu olhar atento.
Na altura ainda se fossem dizer aos meus pais que teriam de pagar para irem daqui ali por uma estrada deveria parecer um grande disparate improvável!
Recordo tudo isto com um sorriso, assim, por mais que me tentem dizer que foi mau, não o posso aceitar, o sorriso é a unidade de medida da felicidade, e naquela altura em que saiamos das casas a cheirar a fumo de lareira e com os olhos a arder sorriamos muito! Sorriamos por dentro e por fora! Não tinhamos medo do futuro, era um dia de cada vez!
Ontem à noite liguei a minha moderna televisão espalmada, sim espalmada, porque a outra que tinha antes apesar de fazer tudo o que esta faz já estava desactualizada e teve que ir embora, e olhei para o mundo cinzento ou mesmo  a preto e branco, que todas as cores e contrastes de uma boa televisão conseguem mostrar.
Percebo hoje que vivemos num mundo muito rápido, onde o tempo não para, nem eu quero que pare. E percebo que afinal o meu pai andou descalço há muito pouco tempo atrás, logo não nos podemos assustar com a nova realidade, seja lá o que for que lá vem, irá obrigar-nos a pensar que os nossos sapatos vão ter que durar mais tempo, que os nossos carros vão ter que andar mais devagar, e que outras coisas terão de alguma forma voltar atrás, e com isto iremos ter vidas a decorrer a um ritmo mais calmo e tranquilo onde a felicidade voltará a desabrochar.
Pergunto-me como pessoas que nunca puderam estudar para além da quarta classe, que cresceram em mundos que hoje achamos impossíveis, que fizeram os trabalhos de casa à luz da candeia depois de virem de guardar cabras, que souberam o que é ter sapatos depois de saberem o que é trabalhar se podem assustar com o que se passa agora.
A nossa memória é curta, o facebook só nos pode ajudar a recordar até 2008, dai para trás é ir ao bau de memórias e perceber que vamos ser o que fomos um dia.
Gostava de ver o meu avô e a minha avó a circularem na A23 ao ritmo calmo da mula, com as rodas a chiar no asfalto, com os pórticos das SCUT  incredulos sobre qual a taxa a aplicar aquele veiculo...
Convém recordar as historias do aconteceu tão perto de nós, não foi ontem mas, foi antes de ontem, antes de existir a linha do tempo!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

As coisas boas acontecem sempre antes ou depois das coisas más!

Sou um dos afortunados deste mundo que antes de ter uma bicicleta teve um carro. E isto aconteceu-me bem cedo!
Normalmente as raparigas não têm esta sorte, antes de ter o seu primeiro carro têm normalmente um nenuco, uma barbie, um castelo de fadas, a mochila da Hello Kitty, o CD da Hanna Montana, a bicicleta cor de rosa, e muitas outras coisas, para terem o primeiro carro aos 18 anos com alguma sorte!
Devia ter uns 4 anos quando os meus pais me deram um enorme camião de plástico amarelo! Que sorte, nem foi um carro, foi logo um camião!
Vinha com uma chave de plástico para apertar as porcas das rodas!
Dava para carregar de terra ou outras coisas e depois descarregar quando se levantava a caixa de carga para trás!
Era sem dúvida um camião em tamanho pequeno com muito para me divertir.
Recebi este camião no dia de Natal ou na noite da consoada que passei em casa dos meus pais ou avós numa aldeia que se encontra hoje quase deserta e dá pelo nome de Sesminho. Recordo que de manhã peguei na minha prenda e fui até à rua, a ideia era simples usar o camião para me carregar pela descida a abaixo.
Alinhei o camião com a descida. Algo de bom e divertido ia acontecer, sentei-me, preparei-me para sentir o vento nos cabelitos enquanto descia a rampa de acesso a casa, aconchego o traseiro na caixa de carga, alivio as pernas...
Em vez de ganhar velocidade ouvi um "crack", o meu primeiro carro avariou mal tentei que ele me levasse para qualquer sitio! Não me recordo qual foi o seguimento que o camião amarelo com rodas pretas levou, talvez tenha ido para a marca para ser reclamado em garantia, e naturalmente estas coisas demoram, vou esperar por uma resposta que não deve tardar em vir.
Hoje 30 anos depois continuo a recordar como foi importante para mim receber aquele brinquedo pelo Natal, na altura os brinquedos não abundavam e eram sempre utilizados, por vezes até as rodas se gastarem, ou até já terem perdido a pintura toda porque faziamos corridas com eles.
Não eram brinquedos nem melhores nem piores que os que temos hoje, eram apenas os nossos brinquedos.
Estamos no mês do Natal, passaram cerca de 30 anos desde que o meu camião avariou, tento perceber o que se passou com as prendas dos natais a seguir, muitas delas avariaram ou ficaram mais lentas quando se começaram a utilizar, ou um botão ficava preso ou parava de funcionar, recordo que alguns brinquedos tinham “made in france” por baixo, lia-se “má-de in françe” e estava longe de imaginar que “made” significava “feito”, também tive outros que era “má-de in china”.
Isto que nos está a acontecer hoje não é de agora, sem ser a Motassis de Leiria que produzia brinquedos em plástico, nomeadamente maquinas e tractores que as rodas se separavam ao meio quando sujeitos ao peso do nosso corpo, muitos dos nossos brinquedos vieram destes países que nos fizeram brincar durante muito tempo e que continuam a brincar connosco.
A brincadeira é para ser divertida, o meu primeiro carro avariou mal saiu da garagem, mas tenho-me divertido imenso de bicicleta!

sábado, 22 de outubro de 2011

A estória de uma cigarra que ensinou as formigas a cantar.

O carreiro das formigas era longo, contornava o plátano ancestral, enorme e frondosa árvore com os seus ramos contorcidos pelo vento e pelo passar do tempo.
O meu vizinho carrancudo passava as tardes a dormitar sentado sobre uma saca de serapilheira à sua sombra. Como ele era carrancudo e refilava com os miúdos, desejei muitas vezes que as abóboras crescessem nas árvores...
Lá mais ao fundo o carreiro das formigas subia o muro até meio, para depois desaparecer numa fissura em forma de ferradura, talvez um dia o cavalo do meu vizinho lhe tenha dado um coice num aqueles dias de má disposição, quem sabe.
O que importa é que mais à frente o carreiro das formigas voltava a aparecer junto ao portão ferrugento do quintal, ali ao lado estava uma daquelas plantas mal cheirosas, a arruda, que dizem que espanta o mau olhado, talvez tenha sido esta a planta que ao longo dos anos protegeu o meu vizinho das abóboras nas árvores. Cheirava tão mal!!!

Perto do portão estava também o roseiral, local que evitámos quando jogámos às escondidas devido aos seus picos e aos açoites que apanhamos sempre que aparecia um ramo partido. No roseiral habitava a cigarra, que cantava todo o verão com o ruído estridente de uma serra eléctrica de cortar madeira, cantava enquanto as formigas pacientemente, no seu carreiro, repetiam o trajecto dia após dia, ano após ano. Passavam a vida naquilo.

As formigas achavam que a cigarra devia mudar de vida, aquilo de passar o tempo lá em cima, sem produzir nada não tinha futuro, até que um dia.
- Cigarra sai dai, e para de cantar!
- Paro de cantar? Porquê?
- Ora, porque tens de fazer algo, tens de ser produtiva!
- Como assim? Ser produtiva, eu sou uma cigarra, eu canto!
- Mas a tua música não serve para nada!
- Como não serve para nada! Vocês vão ver suas formigas invejosas!
Dai em diante, o roseiral foi tomado pelo silêncio, as sestas do meu vizinho passaram a ser mais profundas e a viagem das formigas bem mais monótona, dizem mesmo que as formigas até começaram a perder-se porque já não ouviam ao longe o cantar da cigarra!
Algo teria que mudar, decidem as formigas voltar a falar com a cigarra.
- Cigarra importas-te de voltar a cantar para nós?
Rouca e anafada a cigarra responde,
- Importar não me importo, mas a minha velhice já não me permite cantar mais, acabou-se!
- Não pode, tens que voltar cantar, tens de voltar a cantar!
- Não consigo, acabou-se! Posso é ensinar-vos a cantar!
 - Isso seria uma boa ideia!
Exclamaram as formigas! E combinaram que iriam tirar uma semana de folga para aprenderem a cantar, escusado será dizer que cantavam mal, muito mal mesmo!
Mas insistiram, insistiram e insistiram em saber cantar um dia, a semana de folga tornou-se num mês, por fim dois. O Outono chegou, e a tribo das formigas de cana rachada conseguiram arruinar a sua colheita, desesperadas, tentaram voltar à sua vida, mas já era tarde, a época passou, as colheitas perderam-se e a fome era uma garantia no Inverno. 

Pouco podiam fazer!
Meio desesperadas, foram ter com o papa-formigas para este lhes dispensar algum cereal que lhes pudesse matar a fome, com má cara e em jeito de favor sempre que eram dispensadas umas gramas de cereal o Papa-formigas cobrava o seu preço, comia umas formigas, e que bem que lhe sabiam as formigas cantadoras!
Esta é a estória das formigas que um dia aprenderam a cantar!