domingo, 24 de outubro de 2010

O Normal Anormal.

Tenho um amigo meu que acha que todas as coisas normais são anormais.
Também acha que as coisas anormais são normais.
Eu concordo com ele, o que para mim é normal!
Mas para outros poderá ser apenas anormal.
Parece confuso pensar assim mas nada mais simples que esta forma de estar. Digo eu.

Ontem lia umas coisas que ele escreve  e me deixam sempre na expectativa, sempre na ânsia de algo novo para ler. Escreveu ele, que é frequente as recém mamãs questionarem o numero de dedos no pezito do seu recém filhote, e surge a pergunta: Tem 5 dedos? Comentava isto após o almoço e logo duas vozes femininas me disseram que era uma questão assaz frequente.
É algo como perguntar, ele é normal?
E a resposta para esta profunda preocupação maternal conta-se nos deditos dos pés. 
A propósito, mãe gosto muito de si!
Imaginei este cenário, que se passa numa sala de partos, o bebé recém nascido encontra-se pela primeira vez com um mundo que terá sempre a necessidade de o considerar mais  ou menos normal dentro de uma escala de normalidade inventada por um estudioso, intelectual brilhante e excepcional, diria, quase que anormal. 
Tal mamã, pergunta ao Sr. doutor, ou doutora, conforme preferirem imaginar. Ele é normal?, e surge a resposta. Não, não é normal, não vai ser normal!
A criança, não é normal.
A criança é anormal.
O Sr. doutor que tem mais três partos para serem feitos vai-se embora, deixando a mamã no maior dos prantos, a soluçar já consegue imaginar a dor que será acompanhar o crescimento de um ser anormal.
Passados os dias de hospitalização, a família sai do hospital e regressa ao mundo que lá fora espera ansiosamente por este novo ser.
Esta criança não quis ser normal, começou a falar antes do tempo, começou a andar mais cedo que os primos e com três anitos e meio já conseguia ler algumas palavras, cantava como nenhuma outra, e no desporto destacava-se de todas as outras.
A mãe todavia, vivia preocupada com as palavras que lhe preenchiam a memória, e deixou de ver as cores do arco-íris para procurar sempre o cinzento das nuvens que mandam cá para baixo a chuvinha que permite os arco-íris!
Preocupada com todas as magoas que aquelas palavras lhe trouxeram, não ouviu, não viu e não sentiu o que estava a acontecer, longe da normalidade o novo ser destacava-se em tudo, mas esta mãe apenas desejava o que todos desejam uma criança normal.
Não sei o fim desta historia, caberá a quem ler imaginar o que afinal é ser normal ou anormal.
Diz a curva de distribuição de Gauss que normal é tudo, mas nós queremos apenas ver o normal no monte emaranhado onde não nos distinguimos uns dos outros. Quando todos somos tão diferentes, apesar da maior parte de nós termos 5 dedos nos pés e nas mãos.
O anormal não existe, gosto de pensar que a diferença está na forma como olhamos para as coisas e não naquilo que realmente é olhado.
Se não pensarem como eu deixem lá, isso é normal.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Profissão - Tecnico de Teste de Colchões.

Desde tenra idade me perguntava, mas afinal quem testa os colchões?
Sendo o colchão um objecto onde repousamos nos momentos mais tranquilos da nossa vida não fazia para mim muito sentido que não existisse quem os testasse.
Tinha que haver um dorminhoco profissional escondido nas fabricas de colchões!
Tinha mesmo!
Mas ninguém sabia quem ele era porque ele passava o dia a trabalhar profundamente, a sua profissão seria a mais invejada no ramo da colchoaria!
Cheguei a imaginar o departamento de testes, secreto, com placas de aviso: SILÊNCIO, testes a decorrer!
Pergunta também inevitável, como se recruta um Técnico de Teste de Colchões? Não me recordo de ter alguma vez visto nos anúncios de recrutamento. Tal pedido, seria coisa boa de se ver, algo como:

"Procura-se pessoa com o sono leve, ou pesado, com elevada capacidade de dormir, com ou sem insónias, pode ressonar ou não!
"Remuneração fixa, mais parte variável indexada ao desempenho e experiência  e capacidade de trabalho demonstrada (horas de trabalho)."
"Requisito obrigatório: Facilidade em adormecer, para não desperdiçar horas de trabalho!"
" Possibilidade de rápida ascenção na carreira, com a possibilidade desenvolver outras actividades de elevada responsabilidade como o teste de almofadas, fronhas, lençois e edredons"

Portugal bem se podia especializar nesta industria magnifica, que é a produção de colchões, recursos humanos com elevada apetência para a função não devem faltar.


Ontem, conheci finalmente alguém que de facto testa os colchões, e não é que os técnicos de teste de colchões têm de trabalhar de noite! Os colchões são testados à noite, normalmente entre as 22h00m e as 07h30m, não é de admirar que ninguém saiba muito desta função, os trabalhos nocturnos são muito exigentes.
Se fosse das 9h00m às 17h00m ainda alinhava, mas assim não, não invejo quem trabalha de noite! É vida que ninguém quer!
A minha mãe sempre me disse para não querer trabalhar à noite, que repare na pele das pessoas que têm empregos nocturnos, estão sempre com ar cansado e a pele fica com muitas rugas.
Safa!

Vou dormir um pouco que esta conversa deu-me sono!