sexta-feira, 20 de maio de 2011

O salão de jogos.

Da primeira vez que entrei num salão de jogos ainda não tinha 16 anos, que em Portugal é e idade miníma obrigatória para se poder jogar a troco de dinheiro com uma máquina.
Recordo que na altura terei ido com um ou dois colegas de turma, provavelmente num espaço vazio entre duas aulas devido a algum professor que deu um feriado e nos proporcionou este novo momento de descoberta!

Foi descobrir o Convivio, não sei se este santuário ainda existe, o Convivio abria às 9.00 o que era uma chatice porque por vezes chegava à escola cedo e tinha que passar o tempo em algum sitio que não fosse o bar onde cheirava de forma altamente provocadora a tosta mista que não podia comprar porque era a mais cara das "sandes" e nos dava cabo do orçamento, ou na biblioteca onde me podia perder para não voltar a ser encontrados no meio de um livro. Confesso agora que também passei longas horas de prazer na biblioteca a descobrir livros,e  não me arrependo nada!

Voltando aos meus 15 anos e tal, fomos de surra tentar descobrir o que se fazia no salão de jogos, tinham que se descer umas escadas longas, para depois ao fundo virar à esquerda e se deparar com uma imensidão de mesas de snooker, bilhar e algumas máquinas de jogos.
Estavam lá outros jovens que se comportavam como adultos para evitarem que lhes fosse pedido o BI pelo senhor que vigiava o espaço. Tive sorte de entretanto fazer os 16 anos e adquirir a imunidade neste espaço.
Peguei numa moeda de 50escudos e inseri numa ranhura, no ecrã apareceu, "CREDITS 01, PRESS BUTTON 01 TO PLAY".

Carreguei no botão 1 e comecei a jogar, pouco tempo depois perdi todas as vidas que tinha e apareceu no ecrã:
"INSERT COIN TO CONTINUE, YOU HAVE 0 CREDITS". Foi a primeira vez que a palavra credito teve alguma importância para mim, de ai em diante percebi que se tivesse algum dinheiro de sobra podia comprar crédito, e com os créditos podia jogar, era justo, até porque com o tempo passei a ganhar alguma perícia nas maquinas e os créditos duravam mais tempo, penso que nos melhores tempos já me aguentava a dar pancada num boneco durante quase 1 hora por 50.00esc (0.25€).
Mais tarde fui puxado pela curiosidade para as mesas de snooker, aqui a metodologia já era outra, aqui sim jogava-se a crédito, ia ter com o senhor do salão e pedia para abrir a mesa numero tal, tinha de controlar o tempo de jogo por forma a não ultrapassarmos o valor que podia despender.
E foi assim o meu primeiro contacto com o CREDITO, digo com as máquinas de jogos, rapidamente percebi que para comprar crédito era preciso ter dinheiro e não o contrário.
Entretanto fui crescendo e abandonando progressivamente as máquinas de jogos, mas sempre percebi que o crédito tem um lado sedutor, nos provoca uma sensação de domínio sobre algo, uma tentação, um vicio, o que fosse!

Em determinada altura percebemos que se podia dar a volta ao sistema e tentamos fazer umas chapas que se pareciam com moedas de 50esc, mas as máquinas tinham problemas de digestão com este dinheiro pouco verdadeiro e encravavam, e com máquinas encravadas não se podia ir curtir o joguinho, pelo que se abandonou esta tentativa de lograr o sistema.

Mais tarde surgiu o dinheiro electrónico, este sim funcionava muito bem. Consistia em usar um isqueiro electrónico para dar choques e fazer cocegas à maquina e ela dava créditos que nem uma perdida, também esta solução provocava avarias nas máquinas, pelo que passavam a isolar as maquinas para ficarem  imunes às nossas cocegas. E lá se acabaram os jogos de borla, a maquina deixou de dar CREDITO sem lá meter-mos moedas.

Há 3 anos o meu banco mandava-me para casa cheques de milhares de euros a CREDITO para eu usar à vontade, que eu nunca usei. Agora paga milhares em publicidade na TV a dizer para não comprar-mos aquela mala mas sim para POUPAR.

É curioso este jogo do crédito..

GAME OVER - INSERT COIN

1 comentário:

  1. Ora aí está, como de tudo se podem tirar bons ensinamentos e conclusões para a vida futura.
    PS: Por isso os pais deveriam, em muitos casos, ser mais permissivos para com as crianças e adolescentes. Faz-lhes muito bem todas estas experiências. E com o conhecimento dos pais, muito melhor. Neste caso, felizmente, só houve consequências positivas. Mas podia não ter sido assim. No entanto, considero que proibir estas experiências não é uma boa opção. Daí a minha sugestão - sem que ninguém ma pedisse mas... -com alguma experiência no assunto e conhecimento de causa... ;)
    (tresgues)

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